domingo, 26 de setembro de 2010

APRESENTAÇÃO

               Após a queda do muro de Berlim e conseqüentemente o fim da URSS, os arautos da burguseia mundial proclamaram o “fim da historia”. Para os mesmos, tinha chegado o momento onde as utopias já não tinham mais sentido. A velha esquerda socialista se via num ambiente demasiado estranho para as suas antigas táticas e elaborações teóricas – de certa forma tinha praticamente sido convencida das impossibilidades de transformação social radical do mundo capitalista.

               Contudo, os conflitos não cessaram, apareciam de todas as formas e para todos os gostos: Conflitos étnicos, culturais, religiosos, sexista, alem dos problemas ecológicos e os velhos conflitos de classes. Dentro desse quadro, era preciso reformular velhos programas e trazer para o debate socialista novas formas de luta que pudessem usar alem das antigas reivindicações históricas da esquerda, trazer também novas bandeiras que desse conta dessa nova morfologia social.

               Diante de uma conjuntura nebulosa como essa, que perpassava (e perpassa!) o mundo inteiro, a nossas Ciências Sociais brasileira por sua vez, via-se em degradação. Passado o período ápice da sociologia critica, formulada pelo professor Florestan Fernandes, as ciências sociais atravessou por um processo de auto avaliação, onde foram detectados – segundo alguns sociólogos de gabinete – um tremendo vírus que rondava a nossa ciência, esse vírus letal tinha destruído as pesquisas feitas no Brasil. Para esses sociólogos, as atividades políticas realizada num determinado período no Brasil, pelos chamados intelectuais orgânico, tinham contribuído para a falta de compromisso científico dos mesmos. Essa sociologia voltada para o engajamento e para pesquisa que dava conta das mazelas que passa a sociedade brasileira perdeu espaço para uma ciência fria e calculista, que tenta de todas as formas camuflar os seus reais interesses de classe, por meio de uma neutralidade falaciosa.

             Com isso o ensino das ciências sociais, viu-se a sua imagem e semelhança a forma como o homo academicus passou a lidar com o seu objeto de estudo – totalmente alheio as questões cruciais para um país periférico como o Brasil. O que se ver nas cadeiras de sociologia, é a passagem mecânica de conhecimentos instrumentais, no qual os estudantes são praticamente obrigados a apenas reproduzirem como maquinas tudo o que os catedráticos vomitam a seu bel-prazer.

               O reflexo de tanta omissão por parte dos nossos doutores com o que se passa a sua volta, se materializa nos discentes, estes por sua vez acabam por se tornarem cada vez mais individualistas preocupados com aquela bolsinha de pesquisa que pode alavancar sua carreira acadêmica. Aqueles estudantes preocupados em buscar sempre as raízes dos problemas (os chamados: radicais) são postos na câmera escura, tratados como uma anomalia dentro dos departamentos celestiais; ora ridicularizados, ora temidos e posto literalmente no ostracismo.

            Por tudo isso que foi exposto, fica clarividente, que é chegada a hora do movimento estudantil das ciências sociais mostrar a sua cara, se reorganizar e partir para o ataque contra essa ofensiva do velho Barão de Münchausen.